sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Le Clan


No último post, abordou-se a temática da família. Ainda nesta linha, mas em contornos muito menos opacos, o filme LE CLAN, apresenta-nos uma família constituída pelo pai, recentemente viúvo, e os seus três filhos: Christophe,o mais velho, recém-chegado da cadeia; Marc, traficante de droga; e Olivier, o mais novo e também o mais sensível. Na verdade, Christophe esteve preso na mesma proporção com que Marc se encontrava prisioneiro dos negócios ilícitos e com que Olivier permanecia ainda enclausurado no seu armário. Este filme retrata de um modo muito sensível o universo da família, mostrando o preconceito da homossexualidade (aqui tão delicadamente afigurado pelo amor entre Olivier e um rapaz de descendência árabe, com cenas de fazer comover o próprio Papa!), as drogas, o sexo, a marginalidade e a violência.
Le Clan, um filme de Gaël Morel (2004).

sábado, 5 de setembro de 2009

Ma mère


Trata-de de um filme bastante denso, com temáticas que tocam a parentalidade e a(i)moralidade. É também um filme de forte personalidade, pois ou se ama ou se odeia. Numa família completamente desequilibrada e desestruturada, a relação edipiana que o jovem estabelece com a sua mãe culmina em demonstrações e vivências obscenas que lhe destroem totalmente a ilusão de ser o seu centro das atenções. Em vez de conhecer a protecção, o carinho e o amor maternal, o jovem, guiado pela sua mãe, vai entrar num mundo de libertinagem, devassidão e vício. Esta preversão, que à partida parece começar sob um clima de complexo de édipo, vai-se transformando sinuosamente em meandros de uma relação incestuosa...
Surpresa: neste filme, temos a participação do excelente actor português Nuno Lopes que, se bem me lembro, interpreta o papel de um médico espanhol. O protagonista é, mais uma vez, o charmoso Louis Garrel.
"Ma mère", um filme de Christophe Honoré (2004).

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Gratte-papier CURTA-METRAGEM


Mais uma curta metragem, "Gratte-papier" (2006), o primeiro filme do realizador Guillaume Martinez.
Em pleno metro de Paris, as pessoas acotevelam-se, olham-se de soslaio, emitem pensamentos secretos umas das outras, imaginam as histórias que cada um traz consigo,evitam-se, ou por vezes brotam um sorriso tímido, ou prolongam o olhar por mais uns centésimos de segundo como que a tentar dizer "Que interessante!"...tudo isto, mas as pessoas não se falam. No entanto, dois jovens, no meio deste silêncio aparente (a fazer lembrar o do MAR de Sophia de Mello Breyner Andresen), entrelaçam uma comunicação bilateral sem ressonância, secreta, intimista , cheia de espontaneidade, romantismo, discrição e visceralidade.
Esta curta-metragem de 8 minutos é bastante interessante e dá-nos a esperança de, um dia destes, em plena hora de ponta, no meio do incómodo e do embaraço de estarmos sós no meio de tanta gente, conhecermos assim alguém especial!...